quinta-feira, 27 de maio de 2010

Aula de linguística cognitiva

Metáforas da vida cotidiana.
O olho da porta. O carro voa. Sento e apóio o cotovelo no braço da cadeira. O lápis que eu taquei voou por cima da cabeça da menina da frente. O da mesa de metal é feito de borracha. Coloquei minhas ideias no papel. Detonaram meus argumentos, dizendo que eles não chegariam a lugar nenhum. Tudo isso ficou pra trás.

E nunca tinha parado pra pensar que tudo isso é metáfora (ou talvez tenha, mas ignorei o fato, por estar tão acostumada a usá-las).

Todo mundo acha que comunicação é só abrir a boca e falar. Fácil. Azar do outro se não entender, é burro ou então está de má vontade.
Mas falar é só uma pista pra que a pessoa construa o significado, ou seja, dentro de coisas concretas (palavras soltas) construir e compreender a mensagem abstrata. A comunicação é um processo trabalhoso, porque depende do significado que "brota" na mente de cada um em cada contexto.

Sentou na mesa do bar, pediu Coca-cola ao garçom. O garçom pergunta: "Coca com gelimão?". Você diz: "Não, só gelo". Ele só ouve o "não" e traz a Coca sem nada. E você pensa "Garçom burro, não vou dar os 10%" ou "Esse cara tá de má vontade, não vou dar os 10%".

Quando você cria um conjunto de dados a respeito de uma coisa (por exemplo: a Coca deve ser servida ou ao natural ou com gelo e limão), acaba por não entender eventuais mudanças. A mudança do padrão causa um certo estranhamento ao ouvinte. Portanto, ou o garçom traz o "gelimão" ou então nada, simplesmente, porque ele não ouve outra informação diferente dessa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário