morri em vida. Deparei-me com tal relato meu, que por ventura (ou, quem sabe, desventura) escapou das mãos de minha mãe - minha querida progenitora, tudo que encontra em meus pertences, mesmo que bem resguardado esteja, joga no lixo como se fosse apenas delírio sem a menor importância... e talvez o seja.
Começo, então, a refletir sobre o porquê deste triste e talvez início de um poema que outrora preguiçosamente abandonara e, hoje, por mera curiosidade de um passado que alhures esqueci, arrependo-me.
Como pode uma pessoa morrer em vida?
Talvez existira, em certo momento de minha vida, a inexistência de um sim. Citando Clarice Lispector, em A hora da estrela, "Tudo na vida começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou". E tomando tal pensamento como realidade, mesmo que seja esta uma realidade adivinhada, concluo que nunca houve um momento em que eu morrera. Apenas nunca deveras existi.
É nesse compasso entre meu eu que se esconde na verossimilhança que percebo a necessidade de me reinventar. Que ninguém se engane, só consigo obter simplicidade através de muito trabalho, alheio ao que muitos pensam sobre mim. E enquanto ainda existirem perguntas sem respostas, continuarei incessantemente a escrever sobre tais.
Como posso começar pelo início se as coisas acontecem antes de acontecerem? E se o que escrevo não existe, passará a existir agora, controverso ao que eu acabara de escrever. Pensar é ato e sentir é fato. Os dois, juntos, concretizam-se em minha escrita.
E tudo que escrevo, mesmo que soe como rompante alegre, deve-se a minha falta de felicidade. Felicidade? Jamais vi, em toda literatura, palavra mais doida e sem definição que caiba ao senso comum.
Experimentarei, pois, escrever mais do que invenções, histórias dotadas de início, meio e final, daqueles com ponto final. Se puser reticências, corro o risco de abri-las a possíveis imaginações dos leitores que, inconscientemente, são, não raro, maldosos e sem piedade em sua interpretação.
A grande desdita é que para escrever, o material básico é a palavra. Desditas nunca vêm sozinhas, sempre aos montes e de uma só vez, já dizia o poeta Shakespeare, em seu Hamlet. Palavras agrupam-se em frases, e destas se envolam sentidos que ultrapassam as tais palavras e frases, embora o que escreva seja meramente nu, embora nada cintile. Será mesmo, então, que as ações ultrapassam as palavras? Não sei bem como isso tudo quer terminar. Mas sei bem como começa:
- Sim.
E mudei.
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tá, não entendi muito bem... muitas palavras bonitas juntas .-.
ResponderExcluirmas eu gostei do que entendi x)
Mãe, hoje acordei meio 'Arte pela arte'.
ResponderExcluirroubaram a ju!
ResponderExcluirque texto é esse hein amiga, mto intelectuaaaaaaaal. boiei na maioria. mas enfim. amo você :*
Traduz pra mim?
ResponderExcluirconfesso que estou me sentindo muito burra.
ResponderExcluirHUAHAHHAHUAHUH