Ademais a todas as complicações mundanas as quais somos expostos, as pessoas não falam diretamente o que sentem. Certo, porém, porque o que realmente importa em todas as coisas não fica exposto, está ali dentro e é só querer ver.
Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que os outros já fizeram com elas. Se bem que eu não tenho nenhum escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. (Fernando Veríssimo)